Nós
somos diferentes de 8 à 80.
Você
é esse vento imponente que sabe onde quer bater, eu sou esse sopro vacilante
que não sabe ser nem vento e nem brisa. Você tem esse passo firme como de quem
aprendeu a andar sozinha, eu tenho esse jeito desajeitado de tropeçar nas
minúsculas das pedras se estiver andando sozinha.
Você
é essa flor enorme que criou os próprios espinhos pra se proteger, eu sou essa
semente pequerrucha que não sabe se nasce flor ou espinho. Você tem esse ar de “eu
sei me virar sozinha, meu bem”, eu tenho essa súplica nos olhos dizendo “por
favor, me mostra, não sei enxergar sozinha”.
Você
tem esse estar seguro no mundo de quem sabe onde está, eu tenho esse jeito
cambaleante que não sabe se foi o mundo que nasceu errado ou se fui eu. Você é
essa voz clara que transmite bem o que quer, eu sou esse violão com as cordas
vocais bambas que desafinam, embaralharam e quase não saem. Você é esse grito
falando para vida como ela deve ser, eu sou essa voz baixinha perguntando pra
ela: “como se deve ser?”.
Você
é exclamação, eu sou interrogação. Você tem as respostas pras coisas e
perguntas para o amor. Eu tenho perguntas para todas as coisas e respostas para
o amor.
Você
é o muro alto no qual eu pichei com o meu jeito vândalo em letras garrafais “o
amor é urgente”.
Você
é aquela coisa que fica linda com uma regata branca e o cabelo bagunçado, eu
sou aquela que precisa ir três vezes ao salão para ser notada. Eu sou a versão
feminina do Cara Estranho dos Los Hermanos, mas que divide o coração com você.
Eu
sou uma canção dos Beatles bem clichê pedindo “me toca na sua estação de rádio
preferida, baby”.
Você
levanta uma sobrancelha e o mundo pararia se você mandasse. Eu sou o mundo que
você pára levantando uma sobrancelha.
Eu
sou aquela que tem uma alma desassossegada de adolescente que está sempre
prestes a conflituar-se com a vida, você é aquela que me diz “quem domina a sua
vida é você”.
Você
é mar, eu sou lagoa. Você é tempestade de verão, eu sou garoa fininha, mas
quando a gente se beija, a gente chove igual em todo lugar e ninguém poderia
prever quando a chuva iria cessar.
E
você já visitou mais corpos que eu, mas eu te toco como se já tivesse o seu
mapa. Você é grito, eu sou choro, mas quando a gente ri junto, todo o barulho
dessa cidade caótica fica mudo. Você é o pó e eu sou o açúcar do café que a
gente bebe todo dia. Às vezes com mais pó, às vezes mais açúcar. E a gente se
bebe, se toma, se vira de 8 à 80.
Você
tem opiniões próprias e sabe qual é o seu caminho, eu sou aquela que precisa
olhar as placas.
Você
é a placa em neon dirigida à mim “o seu caminho é o que decidir ser. Decida e
vai”.
Eu
sou aquela que estava cansada de te esperar segurando o controle remoto da TV sem
parar em um canal. Você é aquela que apareceu pra dividir o sofá comigo e ser a
minha programação.
Você
é rodovia, eu sou aquela estradinha de campo que foi feita de tanto pisarem em
cima.
Eu
sou o inverno de agosto, você é as águas de março fechando o verão.
Mas
aquele nascer do sol que a gente viu só estava, na verdade, vendo a gente
nascer.
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ResponderExcluirTão lindo... ♡
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